Tupi Guaranì: a history of resistance

During my experience in Brazil, I had the pleasure to visit two Tupi-Guarani aboriginal communities. This experience opened a new world to me, and deeply intrigued my curiosity. In homage to this beautiful, resilient, admirable, brave, and extraordinary community I decided to write a blog, completely in Portuguese, describing a bit of my understanding and knowledge about indigenous communities in Brazil. It was interesting to me to create parallels and connections between these communities and the aboriginal peoples I visited\studied in Northern Finland and Canada. I was also able in both to ask questions and be clarified on certain points. The pictures shown in this blog were taken by me and are sensitive to this community. Please do not repost. Enjoy your reading!

Quando?

As aulas de português, durante o meu ano aqui no Brasil, sempre foram cheias de novidades e inspirações. Numa dessas, a professora perguntou se queríamos visitar uma comunidade indígena e fazer algumas atividades disponíveis ali (arte corporal e cerâmica). Eu lembro a felicidade ao ouvir essas palavras e logo aceitei a proposta. Já tinha visitado, falado e estudado algumas comunidades indígenas no Norte Europa e Canadá, mas a possibilidade de conhecer uma no outro lado do mundo soou altamente atraente. Na verdade foram duas, porque em dezembro tive a oportunidade de conhecer uma outra comunidade Tupi guarani, mas em outro estado, Paraná, na cidade de Curitiba. Essas duas experiências, adicionadas ao meu conhecimento em assuntos relativos as comunidades aborígenes, me permitiram de ter uma visão mais ampla sobre costumes, tradições e maneiras de viver que essas pessoas incríveis têm.

História

Quando pela primeira vez em 1500, os Europeus chegaram na América, os povos Guarani já tinham uma identidade e maneira de viver sólida e profunda, mantendo vivos elementos tradicionais antigos através de mitos e rituais, praticando técnicas agrícolas inovadoras e satisfatórias, e falando idiomas que chegam da mesma raiz. Tanto naquela época quanto agora (em diferentes proporções de tamanho) os Guaranis ocupam o espaço geográfico que se estende por parte da Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. Os Guaranis são chamados de “povos” por causa da variedade étnica de subgrupos, dos quais os mais encontrados, pelo menos aqui no Brasil, são: Mbya, Kaiowá, Nhandeva. A língua dos Guaranis faz parte do tronco linguístico Tupì-Guarani, da qual derivam outras 21 línguas. Apesar da similaridade desses subgrupos, cada um possui peculiaridades específicas em termos linguísticos, culturais, e cosmológicos. Guarani na língua Guarani significa guerreiro; e na verdade, eles são.

Lutas

Desde a chegada dos Europeus e a troca de diversos governantes durante os anos, os Guaranis subiram fortes discriminações e injustiças. Essas foram ligadas à maneira deles viverem em conexão com a natureza; parte da resistência que eles tem que suportar foi a invasão e destruição das suas terras (muitas vezes por motivos econômicos), a ameaça contra seu modo de ser, a expulsão, a discriminação e o desprezo que vieram com a chegada dos “outros”, dos colonos e dos fazendeiros. A ocupação sistemática das suas terras, relacionada a motivos agrícolas ou de industrialização, acabaram destruindo diversas terras, lares sagrados e conectados a diversos mitos e espíritos, lares com os quais os Guaranis têm que interagir para reproduzir seus estilo de vida. A marcação dos territórios é um dos maiores problemas que segue afetando a segurança da preservação desse povo milenário; nunca teve uma demarcação justa, e nunca pareceu ser um problema dos políticos aqui do Brasil. Nos últimos anos, programas que buscam que as crianças e adolescentes tenham acesso a uma escola indígena ou brasileira foram introduzidos, e ainda persiste um racismo institucionalizado que faz parte do dia a dia dessas pessoas. O problema é ainda maior para as mulheres, que sofrem por serem indígenas e mulheres, num contexto em que, a maioria das vezes, oprime as duas categorias. O governo brasileiro tem apresentado, no curso da história brasileira dos últimos anos, uma falha institucional para prevenir a perda de uma cultura milenária. “A Terra é a origem da vida”, eles costumam dizer. E eles são a origem do Brasil, razão pela qual deveríamos ser gratos, e combater, juntos, a marginalização, polarização e racismo que eles enfrentam a cada dia, causada por um preconceito devido a história, uma história brutal e injusta em direção a eles.

Preparação antes das visitas

Antes de visitar as duas comunidades, a equipe com que participei, nas conversas e atividades, questionou-se muitas vezes sobre a abordagem que deveríamos assumir durante esses dias. O que queríamos evitar, acima de tudo, era dar a impressão que éramos um grupo de estrangeiros, tentando entender uma cultura que, para maioria de nós, nunca tínhamos visto antes. Entendendo a posição dessas comunidades, frequentemente vulnerável e sensível, decidimos preparar algumas perguntas antes de ir, bem pensadas e filtradas, evitando confluir nas perguntas preconceitos óbvios que nós, como estudantes internacionais, podíamos ter. Também reputamos importante perguntar, se era possível tirar fotos, sabendo que as fotos das comunidades indígenas poderiam trazer informações erradas fora. Por essa razão, as fotos que são mostradas nesse artigo foram tiradas somente numa das duas comunidades (Morro dos Cavalos), a única que aceitou a publicação desses conteúdos.

Visita no Morro dos Cavalos, Palhoça, Santa Catarina (Guaranì Nhandeva).

Nessa comunidade tem um centro de educação, formado pela líder (cacique), ativista, feminista e representante da comunidade Kerexú Yxapyry, um espaço para conhecer essa cultura tão distante apesar de vizinha. Ao nosso chegar, fomos atendidos pela filha da líder, seu marido e sua filha. Sentamos numa roda e trocamos ideias; o sol era forte, tanto quanto nossa vontade de saber mais sobre a cultura deles.

Quebrando o gelo inicial, a gente começou fazendo diferentes perguntas em assuntos variados. Eles falaram sobre seu casamento e conexão com a natureza, sobre os espíritos, mitos e divindades que protegem suas terras, sobre o espaço educativo que eles abriram para render acessível sua cultura ao mundo exterior e criar um ponte entre dois culturas que coexistem no mesmo país. Falaram sobre a luta que enfrentam para ser parte dessas comunidades, uma luta que começou anos atrás e ainda existe, ligada ao forte preconceito que no mundo “exterior” existe, um preconceito que às vezes é silencioso, outras é violento e matador. Um evento que aconteceu recentemente na comunidade deles, que deixou todos nós surpreendido, foi o deslocamento da escola dos filhos deles. Isso foi devido a uma falta de entendimento da municipalidade, que escolheu localizar a escola próxima a uma estrada federal, muito distante das casas deles, que ficam bem no meio do Morro dos Cavalos. A distância não permitiu ao pais de participar das aulas com os filhos, uma caraterística fundamental na cultura Guarani. A falta de comunicação, entendimento, e, infelizmente, de interesse segue criando uma situação instável nos ritmos Guaranis. Depois da roda, tivemos a oportunidade de fazer artes corporais e cerâmica com eles, aprendendo um pouco sobre a cultura artesanal e milenário do povo Guaranì Nhandeva. Quando estávamos prontos para voltar, fomos saudados com “Aguyjè”, que significa obrigado.

 

 

 

 

 

Visita em Curitiba (Comunidade Guaranì Mbya)

Depois de uma viagem de duas horas do centro de Curitiba até comunidade Guarani mais próxima, chegamos, como planejado às 10h da manhã. O tempo era favorável. Podia se perceber um clima tranquilo e relaxado: as crianças brincando com madeiras, um pessoa idosa fumando tabaco, um círculo de mulheres sentado na grama produzindo artesanatos. Fomos prontamente recebidos pelo líder da comunidade, uns 35 anos de idade e os seus dois filhos, chefe político (cacique), intermediador nas relações entre a comunidade indígena e os representantes do Estado. Com o mesmo esquema da comunidade passada, começamos com uma roda de perguntas para quebrar o gelo e começar entender um pouco mais sobre esta comunidade. Desde o começo foi possível perceber que essa comunidade tinha algumas peculiaridades e diferenças comparada a outra; na verdade eles fizeram parte de um outro subgrupo, o Mbya, que, apesar de ser sempre Guaranis, tinha algumas diferenças linguísticas, religiosas e étnicas. Os Guaranis Mbya mantêm uma língua viva e plena, sendo a linguagem o meio de transmissão de conceitos e conhecimentos na escola, e fora. Poucos Mbya falam português, e a maioria desses são crianças no novo sistema de educação bilíngue; por essa razão foi fácil falar com o líder (que falava português), mas mais complicado comunicar-nos com as outras pessoas da comunidade. Os Mbya conservam também sua linguagem espiritual, ayvu porã “belas palavras”, que representa parte da sua identidade. Fomos acompanhada para a “Casa da reza” (opy guaçu), o espaço onde eles praticam rituais religiosos. O líder também explicou a importância do Temoi (líder espiritual), que habitualmente mora perto dest, e è e local, representante de sabedoria e conhecimento. Uma coisa que nunca esquecerei são os olhos do líder quando falou do racismo que teve que enfrentar quando começou a faculdade, um preconceito que terminou com a decisão dele retira-se da faculdade. Ele agora acha que é melhor para os Guaranis Mbya formarem-se dentro da aldeia e ter mínimos contatos com o mundo externo, porque quando o contrário acontece, é muito provável que se perca parte da identidade e cultura Mbya, por causa de um processo de assimilação do mundo “urbanizado, moderno, e rápido”. Em assunto relativo ao direito deles ficar naquele espaço geográfico, ele, uma vez mais com olhos lúcidos, contou-nos que eles ainda não têm pleno direito para ficar ali, suas terras ainda não foram demarcadas oficialmente. Num momento qualquer eles poderiam ser expropriados daquela terra, de suas casas, espaços religiosos, sociais e educativos. Depois das falas, fizemos uma caminhada geral na comunidade, escolhemos compartilhar o almoço com a comunidade. Apesar da barreira linguística, a gente conseguiu trocar risadas, comidas e muito amor.

Conclusão

Experiências como essas me lembram da importância de falar sobre assuntos relativos aos povos indígenas, que representam uma minoria e categoria oprimida aqui no Brasil, e no mundo inteiro. É importante que nos “outsiders” possamos conhecer diferentes realidades de vidas para entender que, no fim do dia, somos todos humanos. Empatizar e criar relações sólidas com pessoas que pertencem a uma classe social, econômica e política oprimida (e não escutada) é a chave para construir um mundo melhor, feito de amor e compaixão.

Bibliografía

http://www.funai.gov.br/index.php/ascom/1947-historia-e-cultura-guarani

https://www.todamateria.com.br/indios-guarani/

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani_Mbya